O trecho de Zubiri a Larrasoaña
deixa claro que nem tudo são lindezas no Caminho, pois passa por uma zona
industrial onde está instalada a Magnesitas Navarras. Este é um dia também em
que começa a aparecer a arquitetura de pedra sem revestimento (linda!).
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Magnesitas Navarras |
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Espantalho |
Além de Larrasoaña, passamos
pelas cidades (ou pueblos) Akerreta, Zuriain, Brotz, Trinidad de Arre e
Burlada. A impressão que dá em algumas é que estamos em uma cidade fantasma. É
estranho notar casas super bem conservadas e quase ninguém nas ruas. A verdade é
que existem pueblos que só não morrem por conta da existência do Caminho. E na
temporada de inverno, muitos estabelecimentos estão fechados: não só albergues,
mas também bares, restaurantes e mercados. Esse é um ponto “ruim” de fazer o
Caminho nesta época, mas por outro lado, é mais introspectivo, você não
enfrenta filas para tomar banho e lavar roupas e nem precisa “correr” para conseguir
um bom lugar no albergue.
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Né? |
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Toma um beijinho, miga. |
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Não dá vontade de morar em uma dessas? |
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Escultura do Peregrino |
No trecho antes de chegar em
Trinidad, parei para descansar em uma área verde de lazer que possui mesas e
churrasqueiras, e havia alguns espanhóis fazendo um churrasquinho naquela tarde
de sexta-feira. O cheiro estava delicioso, mas não me ofereceram nada... Poxa
vida... O momento de descanso ali foi quase um paraíso: tirei os sapatos e
massageei meus pés, deitei em um banco e fiquei tomando um solzinho.
Lembra que na
postagem sobre a preparação eu contei
sobre o meu receio de estar sozinha, em função do ocorrido com a Denise Thiem?
Pois é. Acontece que quando eu via na trilha alguém que ainda não conhecia e
não tinha certeza se essa pessoa era peregrino, pois ainda não dava pra
identificar de longe, eu rezava o mantra que minha mãe me ensinou e procurava
manter uma distância. Neurose? Só um pouquinho... Em alguns momentos que não
tinha visibilidade, eu aproveitava pra dar uma corridinha e ganhar uma
distância. O mesmo acontecia quando aparecia uma subida: eu corria, achando que
estava disfarçando bem para pegar impulso na subida... A-hã... Eu fiz isto
neste dia, e quando parei mais à frente onde havia um rapaz vendendo frutas no
meio da trilha, o “suspeito” passou junto com uma peregrina conhecida e eu vi
que se tratava realmente de um peregrino. Acontece que era o Jean, um peregrino
francês que fiz amizade posteriormente... Vários dias depois, ele me falou:
“Ok, agora eu posso perguntar. Teve um momento que eu te vi correndo na trilha.
Era por minha causa?” Eu, super sem graça, respondi: “que nada, estava pegando
impulso”. Jean, se você estiver lendo isso, me desculpe. Que vergonha...
Acontece que estava receosa, em função do ocorrido com a peregrina americana.
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Churrasquinho rolando... |
Em Trinidad também fiz um
descanso bem curtido. Deitei num gramado de uma praça e fiquei relaxando. As
pessoas falam que Pamplona é a primeira cidade grande do caminho francês na
Espanha, mas Trinidad, que está antes de Pamplona, também tem um tamanho
considerável.
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Chegando em Trinidad. |
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Coleta de lixo |
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Pausa pra descanso |
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Minha mochila e a vieira. |
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Peregrinos tomando um solzinho. |
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Sinalização do Caminho |
O problema de cidade grande é que
quando você entra na cidade você pensa: cheguei! Ledo engano, querida. Ainda
tem que andar muito pra estar no centro da cidade. O albergue municipal Jesus y
Maria parecia que não chegava nunca. Ao mesmo tempo em que você já está de saco
cheio disso, você fica admirando aquele ambiente de metrópole que não vê há 3
dias. Olha praqueles barzinhos no centro histórico e pensa: que legal,
civilização... Hehe, brincadeira. Escutei muitos peregrinos dizendo que não
gostam dos momentos do Caminho em que passam pelas grandes cidades, porque
quebra o clima. Fora que ver carros e carros também não é legal. Mas quer
saber? Eu gostei! É um contraste bacana, e tem muito monumento pra visitar, ou
só olhar. Os peregrinos que também gostam e possuem tempo pra investir nos
passeio culturais, ficam mais de 1 noite nestas cidades.
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Opa, tah perto! Não, pera... |
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É aqui o albergue? Diz que é aqui, por favor! |
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Centro histórico de Pamplona. |
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Catedral como ponto focal. |
O albergue é bem grande e você se
assusta um pouco com a quantidade de gente nova, pois muitos peregrinos também
iniciam em Pamplona, a capital da Navarra. Consegui cama embaixo pela primeira
vez, uhul! É um certo martírio ter que subir escada de beliche quando você está
com as pernas e pés doendo...
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Albergue Jesus y Maria |
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Albergue Jesus y Maria |
Bernard, um peregrino espanhol,
me contou que também havia uma peregrina brasileira, a Mariana, e me descreveu
quem era. Pensei: que legaaaaal, alguém do Brasil! Quando a vi no computador,
perguntei se era ela. Ela é paulista e iniciou o Caminho 1 dia antes de mim,
também em Saint Jean. E olha que loucura: ela pegou o tempo nublado nos
Pirineus! 1 dia faz diferença...
Dos 4 albergues que eu já havia
ficado até o momento, 3 eram com o chuveiro com temporizador, e isso se
repetiria em vários outros albergues ao longo do Caminho. Este detalhe irrita
um pouquinho, pois você tem que apertar o botão várias vezes, mas depois acaba
se acostumando. Mas nenhum superou o do albergue Jesus y Maria. A ducha dura 2
segundos. Juro! Pra lavar a cabeça, tive que apoiar as costas no botão. Claro
que é uma medida pra racionar água, mas neste caso, chega a ser judiação. É pra
manter o peregrino alerta, pra que ele não fique morgando no banho, e pra
lembrá-lo: está achando que isso aqui é moleza? É peregrinação! Você não está
em hotel não, querido! Hahaha... Quando você está num albergue com ducha boa e
sem temporizador, você se sente num hotel de luxo...
Não tive tempo pra conhecer
nenhum monumento cultural, pois já estava anoitecendo. Fui jantar na rua, num
local que tinha panfleto no albergue. Era um pouquinho afastado. Os garçons
eram muito simpáticos, e se surpreenderam pela peregrina gringa “falar
espanhol”! O menu do peregrino em todo o Caminho tem 2 pratos, pão, água e/ou
vinho e sobremesa. Em alguns restaurantes (era o caso desse), eles abrem a
garrafa de vinho e deixam à sua disposição na mesa. Tudo isso na faixa de 8 a
13 euros. É muita comida pra mim, mas é difícil escolher outra coisa, pois esta
é a opção mais em conta (custo/benefício)... Foi um momento delicioso, e é
quase um presente que você se dá: jantar com calma e sozinha depois de um dia
tão exaustivo. Mas ao mesmo tempo, o cansaço bate, ajudado pela comida que é
tamanha. Falei com minha família: estou morta. Mas “tá tranquilo”, faltam
aproximadamente 30 dias, é “só” 10 vezes mais do que fiz até agora.
Jana, seu blog está uma delícia
ResponderExcluirHaha, muito obrigada!
ExcluirNossa, foram tantas informações diferentes nestes que até me confundi na hora de comentar! Mas acho que a questão da segurança o "medinho" o mais notável aqui. No final a gente acaba criando meios para poder garantir a segurança por estarmos sozinhas (eu por exemplo, costumo ir para o meio da rua dependendo do local rs!). Adorei também essa história da sinalização do caminho - parece o livro Anjos e Demônios!!
ResponderExcluirO blog está maravilhoso e as intercalações com as fotos fazem a gente se sentir lá por ficar tudo tão fresquinho, rs!
Hahaha, que bom!
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