quarta-feira, 30 de março de 2016

15/11 – Agés a Burgos

            Acordamos com um nascer do sol lindo. Comecei o dia avisando à minha família que a previsão era de sol (uhul!); que eu esperava encontrar massagem em Burgos, visto que era uma cidade grande; que eu já havia completado meu primeiro terço de dias que eu planejava caminhar e que eu os amava muito. Também avisei que quando chegasse, eu queria beijinho, abraço, feijão e colinho. O escalda-pés podia deixar por minha conta.

Nascer do Sol fotografado do banheiro do albergue.

Outro diferencial que o albergue San Rafael tinha (além dos quartos quádruplos com banheiro privativo, conforme citado no relato anterior) era toalha de rosto. Como isso me fazia falta! Nos albergues é comum não ter toalha de rosto nem papel toalha. Porém, uma desvantagem deste albergue privado era o fato de não ter lavanderia, e eu pretendia lavar roupas, portanto tive que acumular desta vez.
Na noite anterior, eu vi que o albergue vendia café-da-manhã, e que tinha a opção de churros com chocolate. Confirmei com a hospitaleira se tinha. Aguei. Acordei doidinha por esse café, mas o bar do albergue estava fechado. Fiquei #chateada.
Passei por Atapuerca e Cardeñuela-Riopico sem tomar café (não tinha local aberto), até que quando cheguei em Orbaneja, entrei em um bar e pedi um pão com manteiga. Não tinha no cardápio, mas ele fez pra mim. Delícia! Matei quem estava me matando.



Homem de Atapuerca: fóssil pré-histórico encontrado no fim do século XX.





Neste dia vi um veado correndo, alguns metros à minha frente, quando estava num trecho de subida. Durante o caminho, é comum escutarmos um barulho de tiro isolado, de vez em quando. Infelizmente, isso não é nenhuma novidade pra quem mora no Rio de Janeiro, né? Porém, quando você avista o cara com uma espingarda e um cachorro, você entende que ele está caçando.

Local onde avistei o veado.

Região industrial




Atentei-me que a máquina fotográfica que minha irmã me emprestou podia fazer fotografias panorâmicas, e a partir deste dia passei a usar este recurso. Passei por Castañares antes de chegar em Burgos. Foi neste dia que o Maximiliano me esclareceu a questão dos cigarros montados com o fumo e a seda, conforme expliquei no relato do dia5/11.








Antes de chegar em Burgos, você passa por uma via enorme que parece a Intendente Magalhães, aqui no Rio de Janeiro. Quando você entra em Burgos, você pensa: ufa! Só que não... Ainda falta muuuuito pra chegar no albergue.

Indo pra Burgos

Aeeeh! SQN...
O albergue municipal não tem wifi nem fogão, mas tem uma estrutura muito interessante, com tomada e luminária individuais por cama, lavatório e chuveiro a cada 4 ou 8 camas, se não me engano.
A cidade é enorme e cheia! Comi um menu do peregrino em um restaurante e odiei. A salada parecia já estar montada e com molho desde de manhã. Quando fui pagar a conta no cartão de viagem, como eu já havia feito em algumas outras compras, deu erro. Paguei no dinheiro. Mal sabia eu que este era o início de um problema que eu enfrentaria.

Entrando em Burgos.











Fui visitar a catedral. Perdi o fôlego. Aquilo ali é de chorar. Se por fora já é um escândalo, por dentro então... Sério, sem palavras pra descrever esta obra. Enlouquecedor!!!! É pra ficar horas admirando, boquiaberta... E acompanhar as descrições pelo audioguia.

Ai, ai, a arquitetura gótica...



Peregrino cansado.







Dentro desta obra-prima.

Abóbada nervurada

Rosácea

Entrada















Ahhh, os vitrais...


No albergue.

Quem está acompanhando o blog, talvez esteja pensando: a Janaina não fala da parte meditativa, da introspecção e tal... A verdade é que na primeira semana, eu não me forcei a pensar em nada. Só caminhei e contemplei a caminhada. A partir da segunda semana, comecei a pensar algumas coisas, e uma delas é de que a vida é linda e pode ser muito simples, a gente que complica. E que Deus é maravilhoso! E que toda essa criação dele é um verdadeiro presente... E que eu mereço ser feliz, portanto tenho que me cobrar e me punir menos, e não me fazer sofrer. É claro que essa reflexão não precisa do Caminho pra acontecer, mas o Caminho amplia isso.