Acordamos
com um nascer do sol lindo. Comecei o dia avisando à minha família que a
previsão era de sol (uhul!); que eu esperava encontrar massagem em Burgos, visto
que era uma cidade grande; que eu já havia completado meu primeiro terço de
dias que eu planejava caminhar e que eu os amava muito. Também avisei que
quando chegasse, eu queria beijinho, abraço, feijão e colinho. O escalda-pés
podia deixar por minha conta.
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Nascer do Sol fotografado do banheiro do albergue. |
Outro diferencial que o albergue San
Rafael tinha (além dos quartos quádruplos com banheiro privativo, conforme
citado no
relato anterior) era toalha de rosto. Como isso me fazia falta! Nos
albergues é comum não ter toalha de rosto nem papel toalha. Porém, uma
desvantagem deste albergue privado era o fato de não ter lavanderia, e eu
pretendia lavar roupas, portanto tive que acumular desta vez.
Na noite anterior, eu vi que o
albergue vendia café-da-manhã, e que tinha a opção de churros com chocolate.
Confirmei com a hospitaleira se tinha. Aguei. Acordei doidinha por esse café,
mas o bar do albergue estava fechado. Fiquei #chateada.
Passei por Atapuerca e
Cardeñuela-Riopico sem tomar café (não tinha local aberto), até que quando
cheguei em Orbaneja, entrei em um bar e pedi um pão com manteiga. Não tinha no
cardápio, mas ele fez pra mim. Delícia! Matei quem estava me matando.
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Homem de Atapuerca: fóssil pré-histórico encontrado no fim do século XX. |
Neste dia vi um veado correndo,
alguns metros à minha frente, quando estava num trecho de subida. Durante o
caminho, é comum escutarmos um barulho de tiro isolado, de vez em quando. Infelizmente,
isso não é nenhuma novidade pra quem mora no Rio de Janeiro, né? Porém, quando
você avista o cara com uma espingarda e um cachorro, você entende que ele está
caçando.
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Local onde avistei o veado. |
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Região industrial |
Atentei-me que a máquina
fotográfica que minha irmã me emprestou podia fazer fotografias panorâmicas, e
a partir deste dia passei a usar este recurso. Passei por Castañares antes de
chegar em Burgos. Foi neste dia que o Maximiliano me esclareceu a questão dos
cigarros montados com o fumo e a seda, conforme expliquei no
relato do dia5/11.
Antes de chegar em Burgos, você
passa por uma via enorme que parece a Intendente Magalhães, aqui no Rio de
Janeiro. Quando você entra em Burgos, você pensa: ufa! Só que não... Ainda
falta muuuuito pra chegar no albergue.
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Indo pra Burgos |
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Aeeeh! SQN... |
O albergue municipal não tem wifi
nem fogão, mas tem uma estrutura muito interessante, com tomada e luminária
individuais por cama, lavatório e chuveiro a cada 4 ou 8 camas, se não me
engano.
A cidade é enorme e cheia! Comi um
menu do peregrino em um restaurante e odiei. A salada parecia já estar montada
e com molho desde de manhã. Quando fui pagar a conta no cartão de viagem, como
eu já havia feito em algumas outras compras, deu erro. Paguei no dinheiro. Mal
sabia eu que este era o início de um problema que eu enfrentaria.
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Entrando em Burgos. |
Fui visitar a catedral. Perdi o
fôlego. Aquilo ali é de chorar. Se por fora já é um escândalo, por dentro
então... Sério, sem palavras pra descrever esta obra. Enlouquecedor!!!! É pra
ficar horas admirando, boquiaberta... E acompanhar as descrições pelo
audioguia.
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Ai, ai, a arquitetura gótica... |
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Peregrino cansado. |
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Dentro desta obra-prima. |
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Abóbada nervurada |
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Rosácea |
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Entrada |
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Ahhh, os vitrais... |
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No albergue. |
Quem está acompanhando o blog,
talvez esteja pensando: a Janaina não fala da parte meditativa, da introspecção
e tal... A verdade é que na primeira semana, eu não me forcei a pensar em nada.
Só caminhei e contemplei a caminhada. A partir da segunda semana, comecei a
pensar algumas coisas, e uma delas é de que a vida é linda e pode ser muito
simples, a gente que complica. E que Deus é maravilhoso! E que toda essa
criação dele é um verdadeiro presente... E que eu mereço ser feliz, portanto
tenho que me cobrar e me punir menos, e não me fazer sofrer. É claro que essa
reflexão não precisa do Caminho pra acontecer, mas o Caminho amplia isso.