domingo, 28 de agosto de 2016

01/12 – Ruitelán a Triacastela

            Já sabia que acordaria com alguma música agradável naquele albergue, pois vi as mensagens dos peregrinos agradecendo. Tomei um ótimo café da manhã, me despedi do hospitaleiro simpático e parti, rumo a mais um dia de 30 km (desafio!).
            Assim que cheguei na rua, notei o gelo presente nos telhados, vegetação, e outras superfícies. Pelo visto não foi precipitação de granizo ou neve, e sim congelamento da umidade. Pensei: Ufa! Minha decisão de não dormir no Cebreiro foi acertada.

Vegetação esbranquiçada pelo gelo.

Umidade congelada no chão e no telhado.





            As subidas eram bem íngremes. Apesar das aparentes temperaturas super baixas, eu não senti frio e estava feliz! Passei por Las Herrerías, La Faba, Laguna de Castilla  e finalmente cheguei na Galícia, última região da Espanha do Caminho de Santiago. O que ouvi falar da Galícia antes de chegar nela: região rural e muito bonita, SEMPRE chove, os albergues possuem cozinhas grandes, porém sem utensílios, e o idioma galego é muito parecido com o português.













Entrando na Galícia.


Cheguei no Cebreiro, e lá ventava muito. Mesmo com o tempo curto (estava apertando o passo por conta da longa distância), entrei na igreja e rezei um pouquinho. Perguntei pra uma funcionária que estava limpando a igreja: nevou aqui no Cebreiro esta noite? Ela disse que não. Pensei: puxa, será que deveria ter dormido aqui? Hehehe...

Chegando no Cebreiro.




Interior da Igreja





Eu achava que as subidas fortes do dia haviam se encerrado ali. Que nada, depois do Cebreiro tem mais subida. Senti muito aquela minha dorzinha chata. Manquei demais, fiz “curativo”, mas não sabia se era pior ou melhor fazer isso. Em um momento pedi à Deus que parasse de doer. Parou.
O dia estava lindo e os visuais eram incríveis. Ali comecei a constatar o que iria confirmar nos próximos dias: a Galícia é uma preciosidade. É linda demais. A região é de fato extremamente rural, com seu cheiro característico. Na Galícia você acostuma a pisar em muita bosta de gado.
Vi muitos cachorros enormes soltos (acho que eram pastores alemães), e fiquei com medo. Passei por Liñares, Hospital, Alto do Poio, Fonfría e Viduedo antes de chegar em Triacastela. Quando cheguei no albergue, avisei minha família: consegui!





Mais gelo.















Hahaha



Lá vem a turminha...









Poça congelada.





















Reencontrei alguns peregrinos, mas o mais legal foi ter reencontrado Lee e Jung, do primeiro grupo que fiz amizade. Eles gritaram: “Jana!”, e trocamos sorrisos e cumprimentos. Já tinham feito amizade com David (o outro coreano, que se preocupou comigo quando eu chorava no telefone pelo problema do dinheiro) e comiam juntos no refeitório. Perguntei por Kim, eles disseram que ele estava mais à frente. “Que coisa”, pensei, achei que Kim e Lee eram inseparáveis.