Existe uma lenda de Santo Domingo
de La Calzada:
“Contam que no século XIV, um jovem chamado Hugonell efetuava a sua
peregrinação a Santiago de Compostela acompanhado pelos seus pais. Num dos
albergues do caminho em que pernoitaram, o jovem mostrou-se indiferente às
investidas de uma criada do mesmo, ela por vingança colocou em segredo uma taça
de prata na bagagem do rapaz. Na manhã seguinte a mulher chamou os guardas e
acusou Hogonell de furto. O rapaz foi julgado e condenado e em seguida
enforcado. Porém quando os seus pais foram até o patíbulo para recolher o
corpo, ouviram a voz de um anjo anunciando que Santo Domingo havia conservado a
sua vida. Os pais do jovem imediatamente procuraram o juiz da cidade e pediram
que o rapaz fosse liberado, pois estava vivo e de boa saúde. O juiz estava à
mesa e com certa razão, não acreditou na história do casal. A sua incredulidade
fê-lo exclamar: - Solto vosso filho quando este galo e esta galinha cantarem
novamente – disse o juiz apontando os assados que tinha sobre a mesa. Nesse
mesmo instante o galo e a galinha cobriram-se de penas e puseram a cacarejar e
a cantar saindo correndo. O juiz soltou Hugonell. Desde esse dia, na igreja de
Santo Domingo de la Calzada, um galo e uma galinha de penas brancas são
mantidos vivos junto ao altar, num alambrado no estilo gótico tardio, coberto
com uma tela renascentista que recebe o nome de ‘Gallinero’.”
Pois bem, no dia anterior acabei
não indo à igreja pra ver o tão famoso galinheiro. Deixei pra esse dia. Mas
quando passei pela manhã, a igreja estava fechada. Vai ficar pro meu próximo
Caminho, hehehe... Quando estava saindo da cidade, escutei um galo cantar bem
próximo. Lembrei então que li em algum lugar que se isso acontecesse em Santo
Domingo, é porque sua peregrinação será bem sucedida. Fiquei feliz! Hehe...
Neste dia de caminhada, passamos
por um pueblo atrás do outro: Granón, Redecilla Del Camino, Castildelgado,
Viloria de Rioja e Villamayor Del Rio. Desta forma, saímos da região de La
Rioja, e entramos nas terras de Burgos, província independente de Castilla Y
León. Este foi o segundo dia sem aparecimento do sol. A mamata do solzinho
havia acabado.
Um peregrino (esqueci a nacionalidade) que eu conheci no dia anterior comentou comigo que se amarrava em música brasileira. Cantou Águas de Março e me pediu pra cantar outras, hahaha! Eu cantei o Samba do Avião, de Tom Jobim, já adiantando os sentimentos da volta pra casa. "Minha alma canta.. vejo o Rio de Janeiro... estou morrendo de saudades..."
O peregrino da esquerda é o que gosta de música brasileira. |
Percebi que comprar pão sem nenhuma embalagem é comum por lá... |
Peregrina friorenta. E aí, vai encarar? |
Plantação de couve-flor. |
Jean, Bram e Ferdinand descansando. |
Cheguei cedo no albergue em
Belorado. Terminei a caminhada com dores, como sempre. Só pensava em massagem,
porém por ali também não havia. Estava pensando em fazer bruschetta e derreter
chocolate com nozes, mas a cozinha do albergue era pequena e eu achava que não
podia usar o salão para cear. Além disso, o hospitaleiro fez uma super
propaganda da ceia do albergue (“não é como vocês vêem por aí”), então resolvi
comprar.
Igreja em Belorado |
O jantar foi bem divertido!
Muitas risadas e zueira. Alguns peregrinos compraram, outros fizeram seu
jantar, mas todos comemos juntos. Em algum momento surgiu o assunto sobre
samba, eu contei que já tinha desfilado em bateria de escola de samba, mostrei
um vídeo de um desfile em que apareci bastante, ele se amarraram.
Saúde! |
É com certeza um caminho desafiador não só física como psicologicamente. Mas só de ler através de suas impressões me teletransportei. Essas passagens costumam servir para nosso autoconsciência mais do que para nosso conhecimento de "mundo".E com certeza é o que o torna um caminho místico,que requer paz, persistência e coração e mente abertos.
ResponderExcluirRrasô, Maísa! É isso mesmo! Beijinhos!
ExcluirNão acredito q vc perdeu a visita ao galinheiro dentro da igreja!! Até eu fiquei curiosa, vou jogar no google pra ver rsrs...
ResponderExcluir:-)
Pois é, dei mole!
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