Acordei com
o despertador, às 8 horas. Queria continuar na cama, mas resolvi levantar.
Conversando com o Bram pelo Whatsapp fiquei sabendo que todos estavam no
albergue municipal. Entendi como uma providência divina o fato de não ter
localizado o albergue no dia anterior, pois eu estava tão estrupício que
precisava daquele presente (dormir no hostel).
Quando fui
na recepção pagar, não tinha ninguém. Uma menina que estava por lá se
apresentou como peregrina, mas ela devia ser turisgrina, pois nunca a tinha
visto desde que comecei o Caminho, assim como não a vi depois. Provavelmente
ela ficava sempre em hostel, ou algo parecido. A dona do hotel (filha dos
donos) atende na recepção, e naquele momento estava limpando os quartos. Bem
diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil, né? E não foi a única vez
que vi algo parecido por lá. Subi para encontrá-la, e a vi saindo de um quarto.
Ela falou: fiquei atenta, mas mesmo assim não escutei você descendo! Ela
perguntou se eu queria tomar café no hostel, mas como eu estava meio mão de
vaca por já ter desembolsado 30 euros naquela hospedagem, eu neguei.
Saí à
procura de um café, mas não encontrei. Arrependi-me da pão-durice. Parei num
banco de praça para desayunar a comida que eu tinha na mochila. Comecei a
caminhar às 10 horas, me sentindo muito bem! Ufa, o descanso valeu a pena!
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Outra foto de Nájera, agora sem a tensão do dia anterior. |
Parei em
Azofra, comi um pão na chapa, tomei um suco e aproveitei o wifi para me
comunicar com minha família. Foi um dia bem mais fácil comparado com o dia
anterior. Terminei com dor, mas foi mais leve. Passa-se por Cirueña antes de
chegar em Santo Domingo. Cirueña tem um campo de golf, carrões e casas bem
bonitas. Esse dia também é marcado por um descampado enorme e lindo.
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Azofra |
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Pimentas lindas! |
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ULTREIA! |
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Cirueña |
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Campo de Golfe |
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Cogumelos |
Uma coisa
muito comum no Caminho, é que apesar de ser bem sinalizado, às vezes você não
encontra a sinalização. Aí você para e observa. Com calma... Fica ali,
apreciando a paisagem. Uma hora, com certeza, vai aparecer o sinal. Isso é
muito bacana, porque você faz analogia direta com a vida. Quando você não sabe
que direção seguir na vida, a melhor coisa é parar e observar com calma, que
certamente você enxergará o sinal! E também pra perceber que certas coisas só
notamos se olharmos com mais atenção. Pois bem. Neste dia, teve um momento que
cheguei no fim de uma via, e tinha a opção de dobrar pra direita ou pra
esquerda, mas não vi nenhuma sinalização. Fiquei ali, esperando meus olhos
localizarem algo. Mas nada... Pensei: não é possível... Até que de repente,
quando por acaso olho pro chão, vejo um grupamento de pedras formando uma seta!
Ri daquilo, e pensei: caramba, ninguém me avisou que teria este tipo de
sinalização! Quando digo ninguém, não me refiro aos peregrinos que estavam no
Caminho. Refiro-me aos relatos que li, às pessoas com quem conversei... E temos
que reconhecer que se passa um trator por ali (o que é comum por lá, por ser
região agrícola), destrói a sinalização. Mas fiquei feliz por ter olhado pro
chão! Hehe...
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Que bom que enxerguei esta sinalização... |
No dia
anterior, havia postado algumas fotos no Facebook. A Fernanda, filha da amiga
da minha mãe (Noemia), perguntou nos comentários: “já encontrou com as bruxas?
Um amigo meu disse que é sinistro, que passou por uma velhinha e depois a
encontrava mais à frente, e pensava: como ela conseguiu me ultrapassar, se não
a vi passando?” Fiquei com aquilo na cabeça, pensando: ih caraca... Será?
Quando estava caminhando no descampado, avistei de longe um suposto peregrino
parado que eu não reconheci. Quando cheguei um pouco mais próximo, vi que era
uma menina. Quando me aproximei mais ainda, percebi que era uma senhora, com os
cabelos grisalhos presos num coque. Pensei: caramba, é a bruxa! Aproximei-me,
toda receosa, já pronta pra falar “Buen Camino” e picar minha mula pra frente,
mas quando ela me cumprimentou, com uma cara super cansada, ao mesmo tempo ela
deixou cair a água que estava bebendo, em cima de sua mochila. Rapidamente eu
levantei a mochila, pra que não continuasse molhando, pois ela não teve reação
rápida. Ela me agradeceu e perguntou se faltava muito. Eu disse que achava que
não, em torno de 4 km. Era visível que estava duro pra ela. Desejei “Buen
Camino” (agora sim) e segui.
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Olha ela lá! |
Periodicamente,
eu olhava pra trás, pra verificar se ela tinha desaparecido (vai que era bruxa
mesmo, disfarçada de peregrina? Haha). Ela sempre estava lá, com uma distância
considerável, um pouco mais atrás. Quando finalmente cheguei em Santo Domingo,
ela me alcançou, e chegou do meu lado. Eu olhei pra ela e ela estava com uma
cara meio chorosa, e me disse: Gracias... A minha reação foi dar aquele abraço
de lado, pra confortá-la. Ela disse que eu lhe dei forças pra continuar, pois
eu estava sempre olhando pra trás, para verificar se estava tudo bem com ela, e
se ela estava vindo... Caramba, que vergonha, mal sabia ela que na verdade eu
estava olhando pra trás pra verificar se ela tinha desaparecido, achando que
ela era uma bruxa... Quando chegamos no albergue, ela relatou tudo pra Bram, e
disse que eu fui como um anjo pra ela. Caramba, Deus é o máximo mesmo, né?
Colocou-me como anjo da minha bruxa! Hahaha!
Ela arriou na cama e capotou.
Tadinha, estava exausta. Aquele dia foi duro pra ela. Isso é algo interessante
também de observar. Às vezes um dia duro pra você no Caminho é tranquilo pro
outro, e vice-versa. Não se engane achando que nos Pirineus será a etapa mais
difícil, como falam. Comigo, não foi. Meu dia mais duro foi o anterior descrito
neste blog, 11/11.
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Santo Domingo De La Calzada |
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Na próxima postagem explico sobre esse galo. |
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Monastério |
Meu namorado me avisou: você já
ultrapassou a barreira dos 200 km. Minha mãe completou: já chegou em Unamar!
Hahaha... Como eu estava feliz por uma etapa mais tranquila, resolvi me
aventurar na gastronomia. Fui no mercado e comprei coisas para fazer hambúrguer.
Eu nunca tinha feito, e na hora de moldar e colocar na frigideira, Ferdinand (o peregrino mexicano) me deu uma ajuda. Os meninos fizeram uma massa. Compartilhamos nossas
refeições, e foi extremamente agradável. Que feliz!
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Preparativos pra refeição. |
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Hambúrguer pronto pra ser moldado. |
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Chefs |
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Passei no Masterchef? |
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Estava uma delícia! |
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Jappie, Ferdinand, Jean, Bram. |
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Canadá, Brasil, Coréia (Kim), Japão. |
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Que alegria! |
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:-D |
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