O clima
deste dia foi perfeito também. Foi um dia de visuais incríveis, mas tive
problemas com o cartão de memória e com a bateria da câmera, então não tirei
muitas fotos.
Andei
lentamente e esqueci um pouco a dor do pé. Em um certo momento, um senhor
italiano, também peregrino, se aproximou e puxou assunto. Aproveitei o ritmo
veloz dele e acompanhei um pouco, mas depois cansei e fiquei pra trás. Ele
disse que ia preparar uma pasta tipicamente
italiana à noite, e ia ratear com vários peregrinos, e que eu estava convidada.
Comentou que não agüentava mais comer massas cozidas demais, hahaha.
Passei por
Puente y Hospital de Órbigo, Villares de Órbigo, Santinánez de Valdeiglesias e
San Justo de La Veja. Eu um momento, depois de uma subida puxadinha, no meio do
nada, avista-se uma barraca ao fundo. Vou me aproximando e vejo também uma
rede, um espaço gostoso e bem simples pra ficar sentada ou deitada... Quando
chego mais próximo, e vejo que a barraca tem vários sucos e coisas gostosas, um
homem fala: isso não está à venda, é pra você pegar o que quiser, ok? Nem dá
pra acreditar. Caiu muito bem. Comi e bebi algumas coisinhas e descansei.
Observei que tinha uma caixinha bem no cantinho, pra deixar donativos, e assim
o fiz. O nome do rapaz é David, ele perguntou de onde eu era e falou algumas
coisas em português. Ele mora ali, no meio do nada, num espaço super simples, e
oferece coisas aos peregrinos. Muito desprendimento, né? Isso me comove. Em um
momento ele pegou uma tigela com arroz, colocou pimenta, começou a comer e
perguntou se eu queria. Despedi-me e carimbei minha credencial: um coração com
o nome “La Casa de Los Dioses”.
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Holandês altão sorridente. |
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La Casa de Los Dioses - barraquinha e moradia de David. |
No meio da
caminhada fui no mercado e me empolguei um pouquinho. Tive que pendurar o saco
de dormir fora da mochila, pois como ela ficou muito cheia, seu topo ficava
batendo na minha cabeça, e isso me incomodava.
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Peregrino sedento. |
Como andei lentamente, cheguei
tarde em Astorga, e bem cansada. Uma bolha que tentou sair nos primeiros dias do Caminho
recuperou sua vida. Ia fazer arroz (pronto, de potinho) e feijão (enlatado),
pois estava batendo uma saudade dessa combinação brasileira, mas como o
italiano tinha convidado para a janta (encontrei-o novamente em Astorga),
deixei pra outra ocasião.
Não consegui entrar no Palácio
Episcopal, mais uma obra de Gaudí, pois o horário de inverno era até 18:00. Uma
pena. A cidade tem muitos atrativos, cogitei de passar 1 dia, mas preferi
seguir.
No albergue, o holandês altão
sorridente me apontou a Ingrid (brasileira), e eu falei: já conheço, hahaha!
Comentei com ela a bênção que estava sendo aquele tempo bom por vários dias.
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Milharal - chegando em Astorga. |
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Albergue Municipal |
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Palácio Episcopal |
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Palácio Episcopal e Catedral |
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Catedral |
O jantar foi super agradável e
delicioso, e conheci alguns peregrinos que eu ainda não conhecia. Eu e outro
peregrino ajudamos um pouco o italiano no preparo. Comi bastante massa, salada,
bebi vinho e ainda tivemos biscoitos amanteigados de sobremesa. Tudo isso por
um valor pífio, se não me engano deu menos de 3 euros pra cada um.
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Jantar Italiano |
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