Improvisei uma tala pro meu
dedo, com as hastes de cotonetes. Eu tentei comprar tala na farmácia no dia
anterior, orientada por uma peregrina da associação que já estava no Brasil e
com quem eu me comuniquei pelo Whatsapp. Mas não consegui. Antes, eu estava
empanturrando de vaselina o local do dedo onde eu inicialmente tinha a sensação
de pedrinha espetando, mas que já estava com sensação de osso rasgando a pele.
Mas quando o excesso de vaselina saía, voltava a doer, e por isso improvisei a
tala. Enrolei as hastes junto aos meus dedos com esparadrapo. De início eu
achei que estava ótimo, mas foi só andar mais alguns metros ainda dentro de
León pras hastes começarem a me cutucar. Desisti. Parei num ponto de ônibus,
arranquei tudo e empaturrei de vaselina novamente.
Muralhas medievais também em León! |
Peregrino descansando... |
Esse relógio é um charme... |
O frio deu uma trégua e pra mim
isso era sensacional, além do solzinho, claro! Às 10:30, fazia um “calorão” de
18 graus! Imagina ao meio dia? Uhul! Apesar disso, o vento quase me derrubou.
Passei por várias cidades:
Trobajo Del Camino, La Virgen Del Camino, Valverde de La Virgen, San Miguel Del
Camino... Nesta última, vi uma caixa em cima de um banco com algumas frutas. Já
sabia que poderia pegar. Estava escrito “Agapito”, e eu já tinha lido no livro
do Daniel Agrela sobre ele. Ele oferece comida de graça aos peregrinos há anos.
Já estava na xepa, porque meu passo estava bem lento, em função do meu pé.
Peguei uma maçã amarela. Quando eu já estava alguns passos mais à frente, ouvi
ele gritando “olá”, olhei pra trás e acenei.
Ninhos. |
Passei por Villadangos Del Páramo
antes de chegar em San Martín. Dependendo da posição que eu pisasse com o pé,
eu urrava de dor, ia na Lua e voltava, como se tivesse tomando um choque, além
da sensação de osso pontiagudo rasgando a pele (eu sei, já falei isso, mas é
pra reforçar como doía). Portanto, passei a pisar jogando o peso pra parte
interna no pé, e é claro que isso me trouxe dores em outros locais e muito
cansaço.
Joaninha. |
Cheguei no Albergue Vieira doida
pra descansar. Fui a primeira, acho que a maioria dos peregrinos foi pra
Hospital de Órbigo, ou pra outro albergue mais pra dentro da cidade, pois este
era bem no começo. Duas meninas simpáticas eram as hospitaleiras. Perguntei
pelo mercado e hospital, elas disseram que tinha que andar um bocado, eu falei:
esquece. Um pouco depois chegou um peregrino holandês de meia idade e altão,
todo sorridente. Ele foi tirar uma soneca e começou a roncar muito alto.
Pensei: a noite promete, socorro! Um pouco depois chegaram 2 peregrinos italianos
e um deles era arquiteto e já tinha namorado uma brasileira.
Não agüentei esperar pela janta,
comi uma mini pizza antes. Os italianos ficaram de olho e pediram também. Este
albergue tinha cadeira de massagem, gratuita. Essa foi a única vez que recebi
massagem no caminho. Lembra que inicialmente eu tentava, mas não conseguia?
Pois então, saí da Espanha sem receber massagem nenhuma, hahaha! O holandês
estava encantado com o albergue, disse que aquele espaço aprazível, aquela
música maravilhosa e aquela cadeira de massagem eram diferenciais. Mas o meu
coração ainda estava encantado pelo Albergue Gaia.
O jantar foi servido. Nós
compramos sem saber o que era. Tinha uma pegada super saudável e natural. Agora
não lembro ao certo, mas tinha uma sopa e depois uma carne com algo. Os
peregrinos italianos contaram que começaram o caminho em León, e um deles
comentou que queria fazer algum trecho a cavalo.
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