domingo, 22 de maio de 2016

22/11 – Terradillos de Los Templários a Bercianos Del Real Camino

            O céu começou de um jeito que eu gosto muito, misturando azul com rosa, com o sol ameaçando que ia sair. Mas na direção para a qual eu caminhava, estava nublado. Não deu outra: peguei uma chuvinha com vento, então mesmo com anoraque e chapéu, ela molhava o rosto de lado.



Céu Rosa e Azul!
            Além de Sahagún, que marca o centro geográfico do Caminho Francês, passei por outras 2 cidades, se não me engano eram Moratinos e San Nicolás. O sol acabou aparecendo depois, mas com muito vento ainda.
            Um transeunte me pediu dinheiro, e eu expliquei que eu também estava com problema de dinheiro. Pelo caminho é raro ver esse tipo de situação, mas em cidade grande costuma ter pedinte (muito menos do que vemos pelo Brasil).














Gosto dessa foto!


Manu havia me falado por Whatsapp pra ficar no Albergue Santa Clara, que era bom e não precisava lavar a louça, hahaha! Quando cheguei no albergue, reconheci pela fachada: em um e-mail da associação, falaram muito bem do café da manhã deste albergue. Disseram que era 6 estrelas. Acabei me dando ao luxo de comprá-lo, mesmo com o dinheiro apertado. O casal de hospitaleiros era muito simpático, e estavam com uma outra senhora, acho que trabalhava por lá. Eu perguntei: eu sou a primeira? Ele respondeu: não se preocupe, daqui a pouco chegam mais.

Chegando em Bercianos.

Albergue Santa Clara

Depois de mim, o italiano Frederico chegou, e o hospitaleiro disse que era a última cama, pois um grupo havia ligado e reservado. Giovana (italiana) e Xeli (espanhola maiorquina) tiveram que pagar por um quarto mais caro (e também mais privativo), assim como um casal de italianos.
Comentei com minha família como estava frio. Por exemplo, no horário que eu já estava no albergue (por volta de 14:30), marcava 8 graus no AccuWeather, com sensação de 3 graus. Os hospitaleiros nos deram 2 sites muito úteis: www.caminodesantiagotiempo.com e www.aprinca.com/alberguesinvierno . Perguntei sobre casas de câmbio para o hospitaleiro, ele disse que só em Mansilla de Las Mulas.
Com o estômago roncando, esperei dar 17:00 para colocar pra jogo o que tinha na minha mochila. Fiz torradas e esquentei atum com cream cheese, milho e salsa. Sobrou milho, e eu perguntei se o casal italiano queria (eles estavam cozinhando uma refeição que parecia deliciosa). Eles aceitaram, mas pelo que vi nem usaram no prato, ele apenas comeu direto no pote. Pensei que eles iriam me oferecer a refeição deles, mas isso não aconteceu (poxa vida).

Minha refeição.

De fato na cozinha tinha uma placa dizendo para não lavar a louça. A hospitaleira explicou que as pessoas lavavam mal, e que ela preferia colocar tudo na lavadora depois. Contou também que tirou o microondas da cozinha depois que viu pessoas secando calcinha e cueca no mesmo. Ninguém merece, né? Ali não era apenas um albergue, mas também a casa deles. Inclusive a cozinha que utilizamos é a cozinha deles.
Mais tarde chegou o grupo que havia feito a reserva: eram Bruno e seus amigos. Ele me chamou pra jantar com eles. Fiquei com vergonha por não ter colaborado financeiramente, mas aceitei (estava ainda com fome). Na verdade estava torcendo para que isso acontecesse. Filei sopa, pão e vinho. Foi delicioso! Essa turma é muito animada. Colocaram-me no grupo de Whatsapp deles, e neste, vi a foto que eles fizeram encenando o quadro da Santa Ceia. Comédia total.


Hahaha...
Nesse dia fiquei sabendo do ritual do brinde dos espanhóis. Aqui no Brasil temos que brindar, beber e colocar o copo na mesa, certo? Se algo sair dessa ordem, são 7 anos sem, né? Lá na Espanha (e alguns outros países também), segundo informações daquele grupo, temos que brindar olhando nos olhos, dar uma batidinha na mesa com o copo, e então, beber. Na hora do brinde, todos se olhavam uns nos olhos dos outros, de forma arregalada, pra garantir que não estavam descumprindo o ritual. Hahahahahha!


Sopinha delícia!
Esqueci de comentar que na segunda noite que passei em Carrión, reencontrei Charlotte, a holandesa que conheci no primeiro dia de caminhada, e que ficou em Estella para cuidar dos pés. Ela estava caminhando com este grupo animado. Eu não disse que certamente iria reencontrá-la? Pois então... Hehe!
Bruno comentou que estava nevando quando ele saiu do albergue em Terradillos (por volta de 9:00). Eu já havia comentado com ele do meu problema financeiro, ele já havia oferecido dinheiro, eu recusei, mas neste dia eu aceitei. Ele me emprestou 100 euros. Muito Obrigada, Bruno! Foi fundamental pra tirar minha agonia e me deixar mais tranquila.

Um comentário:

  1. Por nada, Jana!
    Eu que tenho que agradecer por nossas 2 ou 3 conversas telefonicas fundamentais para o meu Caminho!
    Obrigado pelas valiosas dicas e parabens pelo seu blog!
    Bjs

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