O
café-da-manhã no albergue foi bem gostoso, tinha cereais!! O frio do dia de
hoje foi mais tranquilo pra caminhar. Vi que de manhã estava fazendo 5 graus e
a máxima do dia, pelo que vi na previsão, estava entre 10 e 14 graus.
Foi um dia de paisagens bem
bonitas, mesmo com o tempo nublado. A primeira cidade que passamos foi por
Hontanas. Ferdinand havia dormido lá, pois o cronograma dele estava mais
apertado que o nosso. Mais um peregrino que provavelmente não veríamos mais.
Ele tinha um ritmo forte, certamente conseguiu concluir seu caminho.
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Intervenção em Igreja em Hornillos |
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Albergue de Hornillos |
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Adeus, Hornillos! |
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Kim e Lee |
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Chegando em Hontanas |
Fazer xixi na natureza é algo
comum no Caminho, pois você anda longas distâncias sem encontrar qualquer
estrutura. O problema era que as paisagens estavam ficando cada vez mais
descampadas, então estava difícil achar uma moitinha pra se esconder. Este foi
um dia em que sofri, pois a vontade vinha, e eu tinha que segurar até achar alguma
barreira ou arbusto.
Esqueci de comentar que Bram, o holandês que começou o caminho na porta de sua casa, decidiu despachar seu carrinho e comprar uma mochila em Burgos, pois o caminho já estava com predominância de pedras soltas e terrenos irregulares, portanto estava ficando duro fazer com o carrinho. Além disso, ele não precisava mais de diversos utensílios que carregava no carrinho, pois não precisava mais cozinhar na rua, por exemplo. Ajudei ele a ajustar a mochila, e ele me agradeceu, pois já estava sentindo dores.
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Bram, já sem o carrinho. |
Passamos pelas ruínas do hospital
San Antón, muito bonito! Ali era um mosteiro que pertencia à Ordem dos
Antonianos, e tinha fama de curar os peregrinos de uma doença que era uma
espécie de lepra, conhecida como “Fogo de Santo Antonio”. Há um albergue para
dormir por lá, mas não tem luz (conseqüentemente, não tem banho quente e nem
calefação). Mas dizem que vale a pena pela energia (não aquela fornecida pela
concessionária) do local.
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San Antón |
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Peregrina contemplativa! |
Cheguei em
Castrojeriz após um dia de caminhada muito tranqüilo, completando 2 semanas de
Caminho. Paramos num café pra comer e finalmente realizei uma vontade: churros
com chocolate quente! Muito gostoso, mas prefiro os brasileiros, mais
tostadinhos e recheados.
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Eita ponto de fuga lindão! |
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Descansando... |
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Churros com chocolate |
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Ah, mlk! Matei a vontade!
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Depois de
me alojar no albergue, fui tentar sacar dinheiro (já havia tentado no dia
anterior). Tentei em 2 ou 3 bancos e não consegui, dava erro. Pedi ajuda pro
funcionário do banco, mas ele também não conseguiu. Estava começando a ficar
preocupada, pois o dinheiro que eu tinha em espécie estava acabando.
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Pueblo agradável... |
Fiz compras
e voltei pro albergue. Recebi as fotos da obra da qual eu era responsável, pois
este era o dia em que seria implementada a assembléia de condomínio. Fiquei
muito feliz, pois vi que as áreas decoradas estavam lindas. Quando eu viajei,
boa parte dos itens de decoração já haviam sido entregues, mas ainda não haviam
sido dispostos nos espaços.
O
hospitaleiro do albergue era muito simpático, e me deu várias dicas de onde
tinha albergue aberto, e quais eram os melhores. Quando eu perguntei por
massagem, ele ligou pra uma massagista, mas ela estava em outra cidade e só
poderia pela manhã. Não achei que valeria a pena deixar de sair cedo pra
caminhar, então deixei pra lá.
Manu
resolveu ser a chef do dia. Fizemos bruschetta e um arroz maluco com ervilhas,
cebola e presunto, que pelo visto é tipicamente italiano, pois vi outros
italianos fazendo o mesmo em outro momento do Caminho. O albergue não tinha
fogão, mas tinha 2 panelas elétricas. O hospitaleiro nos deu uma mão, e disse
que é cozinheiro profissional. Quando percebi que não tínhamos alho pra
bruschetta, ele fez questão de ir em casa buscar, mesmo eu dizendo que não
precisava.
O jantar
foi muito agradável, com comida gostosa e vinho. Estava todo mundo muito
animado e feliz. O hospitaleiro quis nos deixar à vontade, foi dormir em casa e
disse que não colocaria um horário pra sairmos, que ficássemos à vontade. O
pessoal então gritou: uhuuuuul! Jung brincou com a luz do quarto, acendendo e
apagando, simulando boate, e eu falei pro Lee, enquanto fazia a dancinha: hip
hop! Ele acompanhou. Muito comédia.
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Jantar delícia! |
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Turma sensacional! |
Fui dormir
e a galera continuou conversando e bebendo. Faziam barulho, mas estava
tranqüilo, não me atrapalhava. Como o albergue estava vazio, eu dormi numa cama
normal (sem ser beliche), e coloquei minhas coisas na cama ao lado. Em um certo
momento da madrugada, um-peregrino-que-não-posso-dizer-quem-é sentou na minha
cama! Como não conseguiu se alojar, pois eu estava ali, ele foi pra cama ao
lado, onde estavam as minhas coisas, e deitou em cima delas. Eu olhei pra
aquilo primeiro sem entender e depois percebi que a pessoa estava bêbada, e
pelo visto passando mal, pois fazia barulho de arrotos e de quem quer vomitar.
Eu comecei a falar: “você está no lugar errado! Vá pra sua cama!” E quem disse
que adianta falar com bêbado, ainda mais de outra nacionalidade? Fiquei
insistindo, mas não adiantou nada. Pra completar, em certo momento ele virou
pro lado e vomitou um pouco no chão. Eu pensei: não acredito! Consegui recolher
minhas coisas, e graças a Deus nada estava sujo. É mole? Eu posso com isso?
Histórias do Caminho...
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