domingo, 10 de abril de 2016

17/11 – Hornillos Del Camino a Castrojeriz

            O café-da-manhã no albergue foi bem gostoso, tinha cereais!! O frio do dia de hoje foi mais tranquilo pra caminhar. Vi que de manhã estava fazendo 5 graus e a máxima do dia, pelo que vi na previsão, estava entre 10 e 14 graus.
Foi um dia de paisagens bem bonitas, mesmo com o tempo nublado. A primeira cidade que passamos foi por Hontanas. Ferdinand havia dormido lá, pois o cronograma dele estava mais apertado que o nosso. Mais um peregrino que provavelmente não veríamos mais. Ele tinha um ritmo forte, certamente conseguiu concluir seu caminho.

Intervenção em Igreja em Hornillos

Albergue de Hornillos

Adeus, Hornillos!


Kim e Lee



Chegando em Hontanas





Fazer xixi na natureza é algo comum no Caminho, pois você anda longas distâncias sem encontrar qualquer estrutura. O problema era que as paisagens estavam ficando cada vez mais descampadas, então estava difícil achar uma moitinha pra se esconder. Este foi um dia em que sofri, pois a vontade vinha, e eu tinha que segurar até achar alguma barreira ou arbusto.
Esqueci de comentar que Bram, o holandês que começou o caminho na porta de sua casa, decidiu despachar seu carrinho e comprar uma mochila em Burgos, pois o caminho já estava com predominância de pedras soltas e terrenos irregulares, portanto estava ficando duro fazer com o carrinho. Além disso, ele não precisava mais de diversos utensílios que carregava no carrinho, pois não precisava mais cozinhar na rua, por exemplo. Ajudei ele a ajustar a mochila, e ele me agradeceu, pois já estava sentindo dores. 



Bram, já sem o carrinho.


Passamos pelas ruínas do hospital San Antón, muito bonito! Ali era um mosteiro que pertencia à Ordem dos Antonianos, e tinha fama de curar os peregrinos de uma doença que era uma espécie de lepra, conhecida como “Fogo de Santo Antonio”. Há um albergue para dormir por lá, mas não tem luz (conseqüentemente, não tem banho quente e nem calefação). Mas dizem que vale a pena pela energia (não aquela fornecida pela concessionária) do local.

San Antón




Peregrina contemplativa!
            Cheguei em Castrojeriz após um dia de caminhada muito tranqüilo, completando 2 semanas de Caminho. Paramos num café pra comer e finalmente realizei uma vontade: churros com chocolate quente! Muito gostoso, mas prefiro os brasileiros, mais tostadinhos e recheados.

Eita ponto de fuga lindão!




Descansando...








Churros com chocolate

Ah, mlk! Matei a vontade!
            Depois de me alojar no albergue, fui tentar sacar dinheiro (já havia tentado no dia anterior). Tentei em 2 ou 3 bancos e não consegui, dava erro. Pedi ajuda pro funcionário do banco, mas ele também não conseguiu. Estava começando a ficar preocupada, pois o dinheiro que eu tinha em espécie estava acabando.

Pueblo agradável...


            Fiz compras e voltei pro albergue. Recebi as fotos da obra da qual eu era responsável, pois este era o dia em que seria implementada a assembléia de condomínio. Fiquei muito feliz, pois vi que as áreas decoradas estavam lindas. Quando eu viajei, boa parte dos itens de decoração já haviam sido entregues, mas ainda não haviam sido dispostos nos espaços.
            O hospitaleiro do albergue era muito simpático, e me deu várias dicas de onde tinha albergue aberto, e quais eram os melhores. Quando eu perguntei por massagem, ele ligou pra uma massagista, mas ela estava em outra cidade e só poderia pela manhã. Não achei que valeria a pena deixar de sair cedo pra caminhar, então deixei pra lá.
            Manu resolveu ser a chef do dia. Fizemos bruschetta e um arroz maluco com ervilhas, cebola e presunto, que pelo visto é tipicamente italiano, pois vi outros italianos fazendo o mesmo em outro momento do Caminho. O albergue não tinha fogão, mas tinha 2 panelas elétricas. O hospitaleiro nos deu uma mão, e disse que é cozinheiro profissional. Quando percebi que não tínhamos alho pra bruschetta, ele fez questão de ir em casa buscar, mesmo eu dizendo que não precisava.
            O jantar foi muito agradável, com comida gostosa e vinho. Estava todo mundo muito animado e feliz. O hospitaleiro quis nos deixar à vontade, foi dormir em casa e disse que não colocaria um horário pra sairmos, que ficássemos à vontade. O pessoal então gritou: uhuuuuul! Jung brincou com a luz do quarto, acendendo e apagando, simulando boate, e eu falei pro Lee, enquanto fazia a dancinha: hip hop! Ele acompanhou. Muito comédia.

Jantar delícia!

Turma sensacional!

            Fui dormir e a galera continuou conversando e bebendo. Faziam barulho, mas estava tranqüilo, não me atrapalhava. Como o albergue estava vazio, eu dormi numa cama normal (sem ser beliche), e coloquei minhas coisas na cama ao lado. Em um certo momento da madrugada, um-peregrino-que-não-posso-dizer-quem-é sentou na minha cama! Como não conseguiu se alojar, pois eu estava ali, ele foi pra cama ao lado, onde estavam as minhas coisas, e deitou em cima delas. Eu olhei pra aquilo primeiro sem entender e depois percebi que a pessoa estava bêbada, e pelo visto passando mal, pois fazia barulho de arrotos e de quem quer vomitar. Eu comecei a falar: “você está no lugar errado! Vá pra sua cama!” E quem disse que adianta falar com bêbado, ainda mais de outra nacionalidade? Fiquei insistindo, mas não adiantou nada. Pra completar, em certo momento ele virou pro lado e vomitou um pouco no chão. Eu pensei: não acredito! Consegui recolher minhas coisas, e graças a Deus nada estava sujo. É mole? Eu posso com isso? Histórias do Caminho...

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