sábado, 6 de agosto de 2016

29/11 – Molinaseca a Villafranca Del Bierzo

            O dia estava nublado e eu fiquei borocoxô. Impressionante como a ausência do sol altera meu humor. Segui a dica que me deram em Manjarín de ir pela estrada no trecho entre Molinaseca e Ponferrada e foi bom, pois meu pé voltou a doer. Tive uns 5 episódios de pontadas que me faziam ir à Lua, e por conta disso, andei mancando.

Saindo de Molinaseca.

Santiago


            Ponferrada tem um castelo que dizem ser muito interessante de visitar, mas como passei por lá pela manhã, estava fechado. Passei também por Columbrianos, Fuentes Nuevas, Camponaraya e Cacabelos. Depois das 13:00, o tempo abriu, e meu humor melhorou.

Chegando em Ponferrada.



Castelo.








Imagine esta visada na primavera.






















Olha o tempo abrindo!

            Villafranca não chegava por nada. Não agüentava mais mancar, estava exaustivo. Mas a gente persiste. Já tinha uma desconfiança de que o albergue municipal não estava aberto. Não vi movimento, mas fiz questão de descer até a entrada pra verificar, mesmo mancando. De fato estava fechado. Bateu um medinho, mas vi uma plaquinha informando que o Ave Fênix estava aberto. Subi tudo de volta e fui à procura do Ave Fênix.















Villafranca Del Bierzo



            O albergue tem uma área social e de refeições com aquecimento, mas no restante o aquecimento é precário. Eles separam os quartos por gênero, e no feminino só tinha eu e uma coreana. Fui tomar banho e achei que não tinha luz, portanto tomei banho no escuro. Foi um pouco complicado, porque além de não enxergar direito, estar muito frio e o chuveiro respingar pra todo lado, eu tive que trocar de roupa dentro do box, visto que o banheiro tinha uma porta que dava direto pra uma área externa, onde qualquer um poderia te ver, caso alguém abrisse a porta pra entrar. Depois que notei que tinha luz sim. Ninguém merece, né?
            A janta foi feita por um dos hospitaleiros, e o pagamento era por donativo. Antes de jantarmos, os hospitaleiros fizeram todo um ritual. Pediram que não nos servíssemos por enquanto. Pediram que levantássemos, déssemos as mãos e um deles fez um discurso. Foi a única vez que escutei no Caminho: “Ultreia! Susseia!” Isso porque a saudação mais comum hoje em dia é “Buen Camino” mesmo. Acho que já expliquei aqui, mas Ultreia que dizer “Vamos adiante!”, e Susseia quer dizer “Vamos mais acima!”. Ambos são saudações do Caminho.
O jantar foi simplesmente espetacular e delicioso. Um dos melhores que comi no Caminho: sopa de legumes deliciosa, salada super bem temperada, empanado com queijo e presunto e sobremesa! Quando me lembro, lambo os beiços. Elogiei muito o hospitaleiro. Achei muito bacana também a preocupação dos hospitaleiros em nos relembrar os sentidos do Caminho.
Conheci peregrinos que ainda não tinha visto. Um me foi apresentado e eu não entendi a nacionalidade dele. Quando disse que era brasileira, ele começou a falar em português. Achei que ele era de Portugal. Depois que entendi que ele era alemão. Quando perguntei porque ele sabia falar português, disse que já morou por um período no Brasil e que gostava muito da língua. Conheci também um peregrino simpático que não lembro se era de Porto Rico ou Costa Rica.

Jantar espetacular!
Ficar na área externa estava impossível de tanto frio. Dentro do quarto também não estava fácil, mas me cobri com duas mantas grossas, além do saco de dormir. Aquela dupla de meninas que chegou em uma noite bem tarde, congelando de frio e que me deram nozes, chegou novamente bem tarde e com lábios roxos. Não consigo entender porque elas faziam isso.
Resolvi colocar no papel o planejamento das próximas paradas, pois o Caminho estava chegando ao fim, e a previsão era de que eu caminhasse por mais 8 dias. A minha preocupação mais imediata é que eu estava com medo de dormir no Cebreiro na noite seguinte por conta do frio.
Não conheci Jesus, uma figura icônica do Caminho que é deste albergue. Que pena...

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